sexta-feira, 22 de maio de 2009

Montai-vos...

A chapeuzinho vermelho foi devorada pelo lobo mal entre tecidos, paetês, cintos e plumas, brilho e descontração... Não se trata da composição de uma fantasia, pois os personagens não existem, talvez apenas os seus traços mais extravagantes, ou simplesmente a libertação fértil da mente humana.  A brincadeira deixa de ser uma simples busca de outras “personas”, colocando em foco a própria personalidade vista através de uma grande lente de aumento, onde o micro expande-se no sentido da Montação. O termo utilizado é oriundo do mundo gay, do universo criativo das travestis e dragqueen’s , e tomado para o conceito de festas onde  a ênfase na assinatura pessoal de quem participa é cobrada. Tais festas são oriundas dos anos de 1970, 1980 e 1990, quando a noite, principalmente nas grandes capitais do mundo, tinham o requinte dado pelos seus habitantes através de “make-ups”  e “looks” baseados no conceito da Montação, uma união entre o desbunde dos anos 70, o glamour dos oitentistas e a estagnação perdida dos anos 90. E novamente hoje, como o próprio processo da moda que leva e traz as coisas no tempo aderindo novas idéias e  agentes, a Montação retoma o seu papel na noite de várias cidades como Los Angeles, Londres, São Paulo e Natal. 

Seguindo a mesma trilha, Belém (dita como metrópole da Amazônia), caminha rumo as figuras “Freak Styles” que a noite nos apresenta. Trata-se da FRICA, um novo projeto para a noite belenense, formada por um grupo de três publicitários, uma jornalista, um artista visual e um produtor de moda. A FRICA surge como inspiração da “Vai!”, projeto mensal do Clube Glória em São Paulo, criado por Gilberto França e Paula Reboredo (colunistas da revista Serafina da Folha de São Paulo).  Assim como na Vai!, a FRICA  também  pede pelos famosos “Dress Codes” (ou código de vestimenta), surgem como temas, numa espécie de mote-inspiração, onde cada festa possui sua estética específica, trata-se de  contaminação pura, induzir as pessoas através de temas produzindo uma grande brincadeira de egos e extravagância. Isso não quer dizer que os “não montados”, despreparados e tímidos de plantão não possuam vez na FRICA, os “Dress Codes” não são obrigatórios,  pelo contrário, o espaço é aberto a todos aqueles que desejam diversão em exagero. 

A festa retoma o caráter de congregação e mistura entre todos estes estilos, do Glam rock ao Punk, Gótico dos anos 80 aos New raves atuais, dos Indies (e suas infinitas derivações) aos clubbers, dos Electros (rock, punk, Clash, Trash...) aos Rappers. A grande prova desta miscelânea está tanto nas pessoas e suas montações, quanto nos “set lists” dos Dj’s da FRICA, reafirmando a união musical e de estilos que vem aos poucos invadindo a noite da cidade, onde o Indies, Electros (Pop, Clash, Punk, Rock...), 90's, 80’s, New Rave, Hip-hop, Funk, Pop, SynthPop, Discopunk, Mashup, Post-Punk, Britpop, entre tantos outros estilos. Então FRICA a dica para todos, corram para os brechós da cidade ou até as lojas ligadas nas tendências e mercadinhos de moda, para as roupas guardadas em malas antigas ou dentro de baús mofados, ou até mesmo uma passadinha pelas ruas do comércio, da “João Alfredo” aos pequenos e grandes armarinhos, ligue para a amiga que costura, ou para aquele alfaiate com o pé na cova sem clientes, solte a sua criatividade, simplesmente dê a “Elza” em enfeites natalinos, ou juninos, o importante é montar-se, e jogar o seu ego nesta abravanação, mas sempre de olho nos Dress codes.